É Errado Chamar a Igreja Católica de Igreja Católica "Romana"?
De Erick Ybarra, no seu Substack.
É errado chamar a Igreja Católica de Igreja Católica Romana?
Não acho que isso seja necessariamente errado. Não é errado chamar a Igreja de "Igreja Apostólica", ou de "Igreja Una", ou de "Igreja Santa". Chamá-la de "Romana" tem um elemento igualmente abrangente e não pretende particularizar a Igreja à Itália ou aos italianos, ou algo do tipo.
Mas certamente, a percepção e o mal-entendido são mais prováveis se não entendermos o que normalmente se quer dizer com essa expressão. Abaixo, o Pe. Joseph Ratzinger, muito antes de ser nomeado prefeito da CDF (hoje DDF) em 1981, resumiu a melhor explicação para o uso desse termo por alguns. No entanto, ainda consigo entender por que algumas pessoas poderiam ter uma reserva quanto a isso. Poderíamos chamar a Igreja de “Igreja Petrina” simplesmente porque Pedro é o símbolo de uma unidade universalizante? São Paulo, falando no Espírito Santo, talvez tivesse uma objeção a isso — cf. 1 Coríntios 1,12. Mas aqui também devemos ter cuidado, pois Paulo igualmente repreende os coríntios por dizerem “eu sou de Cristo”, tanto quanto por dizerem “eu sou de Cefas”; e, no entanto, ninguém tem problema em chamar a Igreja de “Igreja de Cristo” ou de “Igreja Cristã”. Isso apenas nos mostra que Paulo está fazendo uma distinção mais sutil em sua epístola aos coríntios.
Em todo caso, aqui está o que Ratzinger disse:
“Voltemos, por fim, à fórmula religioso-estatística ‘Católico Romano’, com a qual começamos. Em essência, ela reflete todo o complexo de questões que abordamos ao longo destas considerações. Ao dizer ‘Católico’, distingue-se de um cristianismo baseado somente na Escritura e, em vez disso, reconhece a fé na autoridade da palavra viva, ou seja, no ofício da sucessão apostólica. Ao dizer ‘Romano’, remete com firmeza esse ofício ao seu centro, o ofício das chaves confiado ao sucessor de São Pedro na cidade consagrada pelo sangue de dois Apóstolos. Ao unir os dois termos para dizer ‘Católico Romano’, expressa-se a densa dialética entre primado e episcopado, dos quais nenhum existe sem o outro.
Uma Igreja que quisesse ser apenas ‘Católica’, sem ter parte com Roma, perderia, por isso mesmo, sua catolicidade. Uma Igreja que, per impossibile, quisesse ser apenas Romana sem ser Católica, igualmente se negaria e degeneraria em seita. ‘Romano’ garante a verdadeira catolicidade; a catolicidade real atesta o direito de Roma.”
(Pe. Joseph Ratzinger – O Episcopado e o Primado, p. 62)
Comentários
Postar um comentário