Sobre a frase de São João Paulo II sobre religiosos não-cristãos em 9 de Setembro de 1998 - Pe. Peter Totleben, O.P.

João Paulo II diz:

3. O Espírito Santo está presente nas outras religiões não só através das autênticas expressões de oração. «A presença e a acção do Espírito — como escrevi na Carta Encíclica Redemptoris missio — não atingem apenas os indivíduos, mas também a sociedade e a história, os povos, as culturas e as religiões» (n. 28). Normalmente, «é através da prática daquilo que é bom nas suas próprias tradições religiosas e seguindo os ditames da sua consciência, que os membros das outras religiões respondem de maneira positiva ao convite de Deus e recebem a salvação em Jesus Cristo, ainda que não O reconheçam como o seu Salvador (cf. Ad gentes, 3, 9 e 11)» (Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso – Congregação para a Evangelização dos Povos, Instrução Diálogo e Anúncio, 19 de Maio de 1991, n. 29, em Enchiridion Vaticanum 13 [1991-1993], pág. 203).

Resposta do padre:

Isso deveria ser um ponto óbvio. Praticantes de outras religiões geralmente acabam conhecendo, de fato, as verdades da lei natural e da religião natural porque essas lhes são transmitidas por sua comunidade religiosa, juntamente com práticas que ajudam a inculcar esses ensinamentos.

Assim, uma pessoa pode aprender sobre a vaidade das riquezas por meio de sua religião não cristã, além de receber algumas práticas ascéticas que realmente ajudam a desapegá-la de um amor desordenado pelo dinheiro.

Ou, por exemplo, mesmo que eu ache que cobrar juros sobre empréstimos não seja necessariamente algo moralmente errado, considere a rigorosa proibição muçulmana da usura, juntamente com as instituições que os muçulmanos desenvolveram para colocá-la em prática. O muçulmano comum não descobriu isso por conta própria.

Isso é apenas para apontar que a religiosidade humana é algo bastante misto. Podemos conhecer verdades naturais e fazer coisas naturalmente boas sem a ajuda da graça, mas não de forma consistente: nossa disposição pecaminosa introduzirá uma mistura de mal e erro.

E, talvez, graças estejam disponíveis para curar e elevar a prática da religiosidade humana. Mas não temos garantias absolutas de como isso ocorreria fora dos sacramentos da Igreja de Cristo, que, na terra, subsiste na sociedade visível da Igreja Católica.

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Observação: a fala sobre salvação presume ignorância invencível, considerando a citação ao decreto Ad Gentes do Concílio Vaticano II. (cf. Catecismo da Igreja Católica)

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