Papa escreve prefácio para livro de James Martin, o que pensar?


Texto originalmente publicado no X por Pope Respecter.

Este é um post longo, mas como @TaylorRMarshall está fazendo uma grande transmissão ao vivo sobre isso, achei que deveria dar minhas opiniões.

O Papa Francisco escreveu um prefácio muito curto para o livro de @JamesMartinSJ, "Come Forth". Não sei por que ele fez isso. Não gosto que ele tenha feito. Mas precisamos ter cuidado para não exagerar.

Aqui estão algumas coisas a serem lembradas:

1- Eu li o livro de Martin (para que você não precise) e ele mal menciona a homossexualidade. Embora Marshall tenha dito o contrário em sua transmissão, Martin afirma explicitamente no livro que não intitulou o livro "come out" mesmo que seja isso que o grego diz, porque ele não queria fazer essa alusão ou fazer as pessoas pensarem que era sobre isso que o livro trata. Então Marshall errou nisso.

2- Há apenas um ou dois parágrafos em todo o livro sobre LGBT e esses estão em um capítulo sobre ser aberto sobre quem você é, incluindo seu pecado. Não acho que James Martin considere LGBT um pecado, mas ele também não diz nada a respeito. O Papa Francisco, em seu prefácio, falou sobre o livro encorajar as pessoas a serem abertas com Deus sobre seus pecados, então pode ser essa a maneira como o Papa interpretou isso. Não sei.

3- A introdução do Papa Francisco não expressa concordância com nada específico no livro, exceto o tema geral da capacidade milagrosa de Deus para nos curar e nos restaurar a Ele. Não é exagero considerar o prefácio como uma aprovação, mas é preciso destacar que há poucos detalhes sobre o que o Papa gostou ou não no livro. É totalmente possível que o Papa Francisco tenha gostado do tema, mas não de outros aspectos do livro.

4- Nos últimos 6 meses, o Papa Francisco e o Vaticano reafirmaram várias vezes o ensinamento católico sobre sexualidade, casamento, questões trans, mudanças de sexo, etc. Há apenas algumas semanas, o Papa participou do programa 60 Minutes e reiterou sua oposição à bênção de uniões gays novamente.* E no outono do ano passado, ele avisou os bispos alemães que, se tentassem mudar a doutrina sobre sexualidade, enfrentariam disciplina. Antes de começarmos a pensar que o céu está caindo, vamos lembrar disso. Se o Papa está tentando mudar a doutrina, ele certamente tem uma maneira estranha de fazer isso. Seja qual for a mensagem que ele estava tentando comunicar com este prefácio, é muito improvável que ele estivesse sinalizando uma mudança doutrinária.

Então, por que o Papa Francisco fez isso? Honestamente, eu não sei. A única razão potencialmente inocente que pensei é que talvez ele soubesse que uma série de declarações claras sobre sexualidade do Vaticano estava por vir e queria oferecer um ramo de oliveira de amizade para os liberais, sem expressar concordância com qualquer ética herética ou não católica. De certa forma, esse tem sido o modus operandi do Papa Francisco. Não mudar a doutrina, mas mudar a abordagem pastoral para uma de amizade.

No final, discordo respeitosamente da decisão do Santo Padre, mas não sou o Papa. Devemos todos mantê-lo em oração. Seu trabalho é muito difícil e somos chamados a ser seus guerreiros de oração. Não desanime. Deus tem conduzido a igreja por 2000 anos e houve papas muito bons e muito ruins ao longo desse tempo. Mas, não importa o que aconteça, temos a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão.

*Antes da entrevista, o papa já reafirmou a impossibilidade de abençoar uniões homossexuais em uma audiência geral. Veja aqui.

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